POTENCIAL DA NAVEGAÇÃO DE PACIENTES PARA MELHORAR O ACESSO AOS CUIDADOS EM CÂNCER DE MAMA NO BRASIL
Oferecer atendimento de câncer de qualidade a todas as pacientes apresenta inúmeros desafios, incluindo dificuldades na coordenação e acesso ao atendimento. A navegação de pacientes “é uma intervenção de prestação de serviços baseada na comunidade, projetada para promover o acesso ao diagnóstico e tratamento oportuno de câncer e outras doenças crônicas, eliminando barreiras aos cuidados”1.
A navegação de pacientes tem sido frequentemente proposta e implementada para enfrentar os desafios de acesso aos cuidados oncológicos. Harold P. Freeman, médico e fundador do Instituto de Navegação de Pacientes Harold P. Freeman, desenvolveu o conceito de navegação de pacientes e criou o primeiro programa de navegação específico para câncer na década de 90 nos Estados Unidos. O principal objetivo do programa era remover as barreiras existentes para cuidar de pacientes carentes com câncer de mama no bairro do Harlem em Nova York. Desde então, vários programas de navegação de pacientes foram desenvolvidos com diferentes abordagens e objetivos para várias populações de pacientes2.
Quase 70% de todas as mortes por câncer ocorrem em países de baixa e média renda (LMICs) e muitas dessas mortes por câncer são evitáveis. Nos países de alta renda (HICs), estratégias de navegação de pacientes foram implementadas com sucesso para facilitar a jornada do paciente em vários pontos ao longo do caminho de atendimento ao câncer3.
Estudos relatados sobre intervenções de navegação de pacientes no tratamento do câncer em LMICs na Ásia, América do Sul e África sugerem que a prestação de serviços de navegação pode melhorar o acesso aos cuidados oncológicos nestes países. Todas as barreiras de acesso aos recursos de saúde afetam a saúde, a sobrevida global e as taxas de mortalidade, e é por isso que um Programa de Navegação de Pacientes é tão importante. Isto pode garantir que as pacientes recebam a ajuda de que precisam para navegar na jornada oncológica nos LMICs, particularmente em áreas onde o acesso aos cuidados de saúde é fragmentado e os sistemas de saúde podem ser frágeis e subfinanciados4.
Mais pesquisas com navegação de pacientes oncológicos deveriam ser incentivadas no Brasil e fazer parte do Planejamento do Controle Nacional de Câncer para avaliar a viabilidade e sustentabilidade da navegação nos serviços de saúde brasileiros. Estratégias de navegação deveriam ser estudadas desde a atenção primária até os cuidados paliativos para dar suporte aos pacientes oncológicos ao longo do continuum do cuidado6.
Referências: